Pausa para
pensar || Pensamento Original
O pensamento é
como o batimento cardíaco e a respiração, inconscientemente ele nunca para, mas,
por vezes, ficamos sem respiração ou com a sensação de arritmia, tal como o
pensamento. Este, por vezes, finta-nos, prega-nos partidas, quando temos tudo
para estarmos felizes, há, subitamente, um pensamento negativo que nos assombra
a dizer “não vais conseguir”, “a sorte não está do teu lado”, “para quê
tentar”.
Pois bem,
existe um exercício prático muito simples, mas exige alguma atenção e dedicação,
antes de se tornar mentalmente evidente é preferível apontar no papel, em forma
de grelha, na primeira coluna descrever o pensamento negativo que ocorreu, na
segunda coluna escrever as evidências da realidade desse pensamento e, na
terceira coluna, apontar possíveis pensamentos alternativos sempre que esse
pensamento negativo ocorrer.
Para que o
pensamento alternativo seja o dominante, ou seja, o motivador em fases
decisivas da nossa vida, é importante fazer este exercício de pensamento
mental.
O pensamento é
livre, ou melhor, livre não é sinónimo de liberdade, livre de regras, de
filtros e restrições da forma como se deve pensar, para adquirir um pensamento
que se quer libertador por si mesmo, temos um longo caminho que se faz
diariamente, através de pequenos exercícios que questionam a própria realidade
das coisas.
Porque nem
sempre percecionamos o que está mesmo à nossa frente. Por vezes, vemos o que
queremos ou estamos predispostos a ver, convencidos de que aquilo que vemos é
tudo que há para ver. Mas quem garante que estamos a ver de um ângulo ou uma
direção que é a mais correta para a situação em causa?
Repara, há
mais que uma forma de pensar/observar um problema. Naturalmente, é fácil
negligenciar a forma mais produtiva ou criativa de lidar com as coisas. Quando
habituados a problemas simples e nos deparamos com algo mais complexo e que
parece irresolúvel é necessário dar ênfase a uma nova abordagem, para acionar a
ignição para prosseguir a linha do pensamento até chegar a uma solução
satisfatória.
Muito se fala
em pensar fora da “box”, mais um ”cliché” dos “Mental Coching”. Como não
aprecio frases ou teorias pré-feitas, esse conceito e outros subjacentes ao
pensamento divergente e criativo, em que, ao fazer um “Brainstorm” de ideias,
estas se tornam, novamente, concretas, assim que existe uma abertura, ou seja,
uma filtragem das ideias mais irreais, supostamente fica apenas a que seja
aceite e viável e, mais tarde, vendável como se de uma ideia de negócio se
tratasse.
Prefiro não
nomear ou rotular formas de pensar, mas se for que seja um pensamento fora do
mundo do nosso e dos outros, sem sofrer influências; porque as nossas
experiências determinam o que vemos, se possível; que seja algo original com
essência própria, seria o “pensamento original” que deveria questionar as
estratégias a forma como olhamos o mundo, para descobrir soluções inesperadas,
pensar novas direções. Não há chaves no mundo da estimulação cognitiva mas, se
houver, uma delas é compreender a perceção, tal como os mágicos fazem quando
fazem acontecer a magia mas, como em tudo, é preciso sinceridade e acreditar na
sua possibilidade.
O porquê do
pensamento original? Porquê pensar de forma diferente da habitual!? O porquê de percecionarmos as coisas de forma particular? Por que há
coisas que nos escapam? Como ver através da melhor perspetiva para cada
situação? Como adquirir esta sensibilidade para percecionar e aceitar a
diferença de pensamento sem preconceitos?
Por haver
questões que ultrapassam as regras, como as do xadrez que obedecem às regras do
jogo, e é com aquelas que o jogador tem que lidar para ganhar o adversário,
jogada após jogada. Existem questões em que temos que pôr de lado conceitos e
regras para descobrir outras opções, outras questões ou ver se o problema é
realmente um problema, poderá ter uma solução bem mais simples que, por algum
motivo, não estamos a vislumbrar.
Esta abordagem
de pensamento não é propriamente um trabalho difícil e o esforço não é garantia
de sucesso, porque o esforço em demasia pode levar a padrões rígidos de
pensamento e o que se pretende é destreza mental e inteligência aplicada, era o
que a minha avó queria dizer com o “olho vivo e pé ligeiro”.
É necessário,
ao mesmo tempo, ter a capacidade de relaxar numa abordagem mais despreocupada,
mas interessada, como o possível prazer de executar o nosso trabalho na nossa
praia preferida, como o sábio faz, e muito bem, na sua pressa vagarosa do
querer saber mais com a prudência de auto questionar a sua evolução e a do
universo.
Como é isto de
pensar original!?
Como posso ver
esta questão de outro ângulo-perspetiva!?
Se for apenas
um quebra-cabeças verbal, quais são as palavras com duplos significados?
Pôr de parte o
preconceito e dizer “estou a dar isto como o mais certo, mas se não o fizer o
que devo pensar ou ver”.
É preciso
estar disponível para o desafio da mudança de pensamento, ter consciência que o
nosso cérebro é uma centena de milhares de milhões de neurónios, capazes de fazer
conexão com dezenas de milhares de outras células. Por isso temos uma enorme
capacidade de aprender, não devemos cingir-nos a uma única abordagem mental.
Se te
consideras uma pessoa lógica e dás preferência às ciências exatas, lembra-te
que poderás estar a perder um bem precioso que é a visão de uma flexibilidade
mental muito mais alargada, onde terás, certamente, mais que uma forma de
pensar, de ver, abordar e solucionar uma questão. Pode ser no trabalho, em
família ou no convívio com amigos.
O pensamento,
por si só, é o que temos de mais certo em nós, lembra-te, ao criares hábitos de
pensamento originais e benéficos para ti, com originalidade marcante para a
memória, como a brisa do mar que rejuvenesce o ar, desta forma estarás sempre
em genuína e agradável companhia.
Antes
de alguma situação habitual ou inesperada, se sincero e faz uma pausa e dá abertura à prática
do teu pensamento original.
Celino Barata