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terça-feira, 5 de outubro de 2021

Pausa || Para o Necessário

Pausa || para o Necessário

Necessário é ter bom humor, brincar com as palavras, fortificar-te nos trocadilhos dos acasos mais sérios como o humorista se ri à gargalhada com cada piada inventada. Necessário é ficar alegre, com as pequenas coisas que te acontecem e aproveitar o encanto de cada dia. Necessário é ter bom alimento, cultivar a tua nutrição e assimilar que é de dentro para fora que te completas. Necessário é exercitar o corpo e ser o atleta que vence cada meta que se impõe superar. Necessário é estimular a mente e expandir todo o potencial do teu universo cerebral. Necessário é aproveitar as coisas que não têm preço. Necessário é ter bom pensamento em cada momento. Necessárias, são as emoções… os sentimentos e o amor sentir onde nos leva o seu movimento. Necessário e persistir e jamais desistir no que acreditas ser a tua identidade. Necessário é o hábito que te molda pelo caminho. Necessário é o “insiste” naquele instante que só faz sentido depois. Necessário é o que te faz sentir vivo. É o necessário

Celino Lopes Barata.

segunda-feira, 26 de julho de 2021

Pausa || Nada

 



Pausa || Nada

Onde está o Nada!? Já te perguntaste onde reside o nada? Se será visível ou possível de mensurar? Possivelmente teremos de ver com outros olhos, com olhos de quem observa de verdade e saber esperar pela sua vez; para distinguir - de entre as múltiplas hipóteses - qual será o teu nada. E se bem pergunto, qual é o teu nada? Conheces o teu nada? Já abriste a porta do nada, ou ainda tens medo do escuro ou do vazio que tens de encarar para o atravessar? Parece importante e fundamental estar no vazio e senti-lo inteiro. Qual é o nada que tu valorizas? Aquele nada para o qual uma maioria trabalha arduamente, na esperança de um dia fazer nada. Que nada é esse que leva à questão: se pudesses não fazer nada, que farias?! Será que o nada que existe é o mesmo nada que vive numa bola de sabão onde residem todas as cores do arco-íris? Esse nada tão especial e essencial à vida, fonte de vida com nascente própria, um recurso inesgotável, tão grandioso quão precioso, que nos leva ao começo do tudo. E é mesmo aí, mesmo onde tudo nasce… O vazio fértil, o clímax cresce e leva-nos até ao ponto orgásmico sem retorno, onde explode a “pequena morte”. É aí que se alimenta a vida e os sentidos entram em desordem sinestésica qual brilho do Sol no crepúsculo repartido infinitamente pelas estrelas... De repente tudo nasce e renasce à luz do novo, a semente germina na primeira folha tão translúcida quanto delicada, com a certeza que vai florescer com o pantone inteiro das cores mais nítidas e vibrantes. Celino Lopes Barata

 

Celino Lopes Barata



 


Celino Lopes Barata

segunda-feira, 28 de junho de 2021

Pausa || Descoberta

 

Pedra D`hera - Fundão

Pausa || Descoberta

Existem lugares onde os teus sentidos se arrepiam no contemplar do simples. 

Na naturalidade da dança, vês a coreografia da Fauna namorando a Flora, num ato de polinização que transforma em poema o parto eterno e erótico da Mãe Natureza.

Hoje ainda escutas o pulsar do mundo e sentes-te privilegiado/a por vibrar com ele sintonizando com o que tem para te contar.

Na cadência sábia da espera, observas como se enfileiram as estações. Reparas como a Primavera se veste de princesa e te seduz para a prova dos frutos já adoçados. 

Ali tão perto, afinal existem florestas, matas e bosques e neles habitam todas as respostas para todas as perguntas… neles moram ainda todos os encantos. Vens descobri-los?

                                                                                                                                     Celino Lopes Barata

"Quero fazer contigo o que a primavera faz com as cerejas"
"Quiero hacer contigo lo que la primavera hace com los cerezos"
Pablo Neruda - Poema 14. 



segunda-feira, 26 de abril de 2021

Pausa || Para o Luto

 


Pausa || para o Luto.

Sendo o Luto um processo contínuo para a vida, o falecimento ou a perda de alguém amado traz consigo a dor psicológica, esta obedece a cinco fases que nem sempre vêm por ordem e podem se confundir com o número de dedos das mãos, por isso é essencial fazer Psicoterapia, para que os conhecimentos da Psicologia possam fazer o seu papel, no auxílio na libertação desse pesar e que a vida volte a ser  vivida com o seu real sentido.

Na minha experiência profissional, estive em contacto  com mais de uma centena de pessoas com Lutos por fazer, o sucesso é  garantido muito pelo empenho das pessoas no envolvimento dos seus processos psicoterapêuticos. Hoje penso que será importante deixar um exercício de escrita de uma carta a um Pai, que funciona como catarse emocional.

Olá Pai, escrevo-te passado 25 anos sem a tua presença física. Esta vontade de escrever pela primeira vez cresceu-me no pensamento por me encontrar próximo da idade que partiste, não sei o que dizer, como se as palavras se dissipassem no papel, neste quarto de século sem ti só sei que nunca mais fui o mesmo.

Foi um estrondo avassalador, bem superior ao Mar naquele dia, mesmo assim determinados fomos apanhar aquela onda que nos enrolou aos dois, só passado algum tempo me veio o sorriso num misto de perigo, respeito, despertar e amor maior aos presentes da natureza.

Uma das tuas grandes preocupação era o teu amor à Mãe, outra força da natureza tão bela, é óbvio o porquê da tua e vossa tremenda paixão, ela está sempre com o seu sorriso maravilhoso que herdei e orgulhosamente o demonstro, sei que possivelmente foste tu que lhe encaminhas-te o enorme companheiro,  também Artista, meu segundo Pai com enorme gratidão.

De ti tenho tudo para além das aprendizagens, a minha grande herança és tu em mim, é um orgulho ter partes das tuas feições nos gestos, no jeito, a tua sensibilidade no humor que demora a perceber por fazer pensar, e sobretudo o sentido do belo na visão de arte e estética. 

Sabias bem do efeito das tuas obras de Arte, para a mente e o que desencadeia no cérebro de quem as observa. Ainda hoje cheiro tu a afiares os lápis de carvão com as tuas mãos, as mãos mais bonitas de homem que já conheci, afiavas com afinco sempre com uma navalhinha para fazeres os teus desenhos e projetos, ainda soa as tuas roladas e pinceladas na conjugação das cores das tintas aplicadas nos materiais reutilizados. Mostras-te que não basta ter talento, é essencial ter tenacidade e persistência na evolução  diária, aplicavas o teu plano concreto e realista nos teu sonhos, sem esta visão, um sonho não passaria disso de apenas um sonho, e vão ser sempre poucas as paredes para expor tremendo dom, bem visível na obra que deixas-te. 

Ainda pequenino ia ajudar-te nas tuas obras e ficava a observar a forma como executavas cada  pormenor, lembro que uma simples lareira era mais que um símbolo de calor e conforto, era uma autêntica peça de arte que qualquer pessoa comentava e apreciava, ainda hoje tenho diálogos com pessoas agradadas da perfeição na realização dos teus feitos.

Eras exímio em mais de 7 artes, sou um privilegiado ter herdado tanto de ti até no traço da escrita. O bom gosto pela verdadeira Música 70/80 Rock e o Fado em vinil no teu prato portátil na tua altura fazias a festa em qualquer garagem para as pessoas dançarem. Lembro de perguntar, o que estás a pensar? Estava quase sempre a pensar em algo para dares asas à tua criatividade, até a resposta às explicações do porquê da escolha do meu nome, a minha reação foi logo uma gargalhada e passei a adorar nesse momento. Sim, já encontrei livros com personagens com meu nome, não sei se era o que te referias, percebi mais tarde que era mais uma estratégia para me incentivar a ler e assim aumentar o conhecimento e a biblioteca com os melhores. 

Já agora, por estar ligado ao nome confesso-te que tive dificuldade em escolher a minha profissão, pela vasta sanguinidade de “dons” pessoais e familiares, e sabes, escolhi a melhor do mundo, identifico-me na plenitude, mais que a prevenção e a cura dos desequilíbrios da mente, dos afetos e emoções, permite-me conjugar todas as áreas e realizar os sonhos de pessoas que me consultam num querer crescente na sua própria evolução.

Uma das tuas especialidades são os ladrilhos por vezes reutilizados, eram transformados em painéis tipo (Gaudí). Soube mais tarde que foste Mestre de muita gente artista dos ladrilhos, notável é ver que um chão para ti era uma nobre tapeçaria, que autodidata que tu és também bem marcado em quadros. 

Quadros como este intitulado “Em Defesa da Família”. Que bela mensagem a defender a família sem usar a violência, e sim a diplomacia, o diálogo e o respeito que sempre mostras-te no teu caráter, sabias bem que a autoridade parental é do tamanho do vínculo afetivo, tão delicado, sensível e tão forte neste espaço temporal.

Que forte foste aqui fisicamente e psicologicamente, sabias o futuro que te reservava e ias falando dele, sempre com humor inteligente sobre a luta do pêndulo paciente || impaciente, na passagem do tempo com o teu sábio e incrível sorriso amável. 

Uma das coisas que mais me impressiona é a nossa última conversa, de certo não tinha a maturidade suficiente para a entender e atuar, só na altura certa, de tão complexa que era na simplicidade das tuas palavras, logo num dia que não era para te ver. 

Ia trabalhar de tarde no café nas quartas e sextas livres de escola, avisei para não contarem comigo, nesse tempo, por iniciativa própria, disse ao Amigo Das Neves em jeito da habitual comédia , que queria ir à boleia para Castelo Branco, veio comigo e só lá lhe disse que eu ia estar contigo, não estavas à espera e a nossa conversa foi improvável e sem saber, tudo o que falamos, está e irá acontecer.

O último gesto foi o teu clássico piscar de olhos sedutor que nunca vi em mais ninguém, em conjunto com o gesto do filme do momento que não vimos juntos que só deu mais tarde na TV.  Ao fundo do corredor da ala hospitalar, ainda voltei para trás, no querer te dar mais um beijo e confessar só mais um segredo somente para nós, a Sra. Enfermeira disse que tinha mesmo de sair. 

Estaríamos no fim de semana, vinhas a casa. Nessa sexta de tarde, ainda festejas-te o dia da liberdade com os teus amados cravos, sempre ora vermelhos ora brancos, era o teu sinal de liberdade até ao dia da libertação. Já a aguardar-te, entretanto estava a servir bebidas e do nada escorregam pelas minhas mãos dois copos em simultâneo, estranhei por ser raro quebrar algo, só me lembrei daquele pote precioso que parti aos cinco anos por descer o corrimão de pernas abertas, aí aprendi bem a lição. Soube nesse momento, que foram aqueles os últimos gestos e a última palavra que partilhámos presencialmente.

Como a avó dizia, vamos falando e não é só com os botões. 

Independente do que acredito, sinto-te e vejo-te.

E o traço da tua obra irá sempre continuar…

Sou um privilegiado ter-te como Pai.

Aquele nosso Beijo e Forte Abraço.


                                                                                                                                     Celino Lopes Barata

                                                                                                                                             26/04/2021

sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Pausa || Tempo

 A

Pausa Mente || Tempo 

Ideia genial de dividir o tempo em anos, industrializou a esperança. Repartiu o em doze meses, estes são suficientes para nos por a funcionar no limite da exaustão e fazer com que qualquer um se entregue.

Nomeados com os conceitos das estações, como de uma viagem de tempo se tratara, encantada pela atração lunar até ao despertar solar.
Sabiamente criou o chamado milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar, que daqui para a frente, tudo será diferente e bem melhor.
Já não tocam as badaladas, é notificado o aviso do inteligente relógio marcador de registos de cada respiração, e nela existe a espera, das pequenas e grandes conquistas, como o passar da hora, para ir ou sair do trabalho, o tão aguardado fim de semana e para breve o festim do almejado aniversário.
Que comemorem os tristes, as fases ilusórias, nelas fazem do tudo um problema e a antecipam.
Príncipes da “achologia”, assim o querem, que a vida passe e acabe rápido, e a vida acaba.
Os felizes façam o favor de vender caro a derrota. A felicidade dos felizes é isso mesmo um progresso, que testa a resistência e resiliência à finitude de cada instante da vida.
Tempo é o teu passado, está a acontecer o teu presente e será o teu futuro, tempo que bem precioso que ainda és.


Celino Lopes Barata