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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Pausa para Brincar || Brincar é Urgente!! Já Brincaste Hoje???




Pausa para Brincar || Brincar é Urgente!! Já Brincaste Hoje???

Brincar é a ação de entreter, distrair, recriar, dar ânimo a objetos que tudo podem como super heróis, pedrinhas, paus, bonecas, carros, bolas… são a porta aberta para o mundo mágico do imaginário, onde o nada se transforma no tudo, como forma expressiva do inocente e mais puro que há em nós.

É uma necessidade básica, tal como beber, comer, dormir e amar… Brincar está na natureza do desenvolvimento humano, em qualquer idade, é a capacidade genuína de reinventar a juventude. Através do brincar relativizamos a realidade!! Quem não o faz… pode comprometer o seu crescimento como pessoa, mas também desventura a memória de recordar o prazer de uma brincadeira futura.

Neurocientistas indicam que brincar alivia as dores psicossomáticas, a ansiedade e a sintomatologia depressiva. Há tempos fizemos um exercício com alunos onde o tema era o abraço e o beijinho que funcionavam como um ansiolítico genérico, farei agora o brincar como sendo antidepressivo grátis.

Brincar é uma experiência tão rica e complexa que, ao superar uma expetativa, cria uma explosão de alegria única, capaz de alterar a morfologia cerebral, pois a brincadeira desenvolve ligações neuronais por optimizar, naturalmente, o vínculo de laços afetivos.

Brincar não é sinal de imaturidade, muito pelo contrário, desafia a inteligência. Observa bem uma criança a brincar, seriamente, e todo o empenho que aplica nas várias superações de si na sua brincadeira preferida! 

O mesmo acontece com a aprendizagem de assuntos sérios e complexos, a assimilação de conhecimentos é facilitada, sempre que o sentido de brincar está presente por ser uma via privilegiada para as emoções positivas.

As brincadeiras vão evoluindo, no tempo dos nossos avós a brincadeira principal era cantar, enquanto realizavam os trabalhos do campo ou jogos tradicionais; era nos domingos, ao fim da missa, ou a caminho dos privilegiados que iam à escola, a saltar ao elástico, a jogar à macaca e a fazer bonecas de trapos, brincadeiras que deliciavam as raparigas e jogos como a bilharda, a malha e fazer carros de madeira ou cortiça entretinham os rapazes.

Na minha infância, só na minha rua éramos sem descriminação, 16 rapazes e 5 raparigas. A rua tinha um chamariz que era gritar alto o “Thurru Thurru”. Era o aviso, o primeiro amigo que já se tinha despachado dos trabalhos da escola já estava disponível para a brincadeira. Todos juntos, além de enfiar a bola no buraco do “baturel”, brincávamos desde a “sirumba”, ao “pum” uma espécie de paintball virtual de índios e cowboys, sem balas nem flechas. Todos os anos construíamos casinhas de brincar, desde as paredes aos tetos, com os mais requintados pormenores, só para ter o nosso porto de abrigo!

E quando dois amigos juntavam uns escudos para comprar dois gelados de gelo, depois de lambuzarmos o gelado, com o pau do mesmo, abríamos um buraquinho a meio no pau, como se fora uma baliza, até onde pudesse passar só a moeda de 1 escudo. Ao deslizar a moeda numa soleira de pedra lisa, tentávamos acertar no buraco da baliza… quando a moeda passava, era golo!! Podíamos passar assim uma tarde de completa diversão, até nos lembrarmos de uma nova brincadeira, sempre com o sentido de criar algo do nada.

Quanto a tecnologias, só no princípio da pré-adolescência é que um amigo me apresentou o “pong” um jogo de computador num “Spectrum”, um jogo que demorava uma meia hora a instalar. A lógica do jogo era a mesma dos paus de gelados e da moeda, era um ponto como se fosse uma moeda e um traço de cada lado como se fossem os paus, o ponto se passasse era golo.

A evolução e a criatividade são tantas e tão apelativas que agora, na era do “touch”, as aplicações são sugestivas ao ponto de a Dª Gertrudes (nome fictício) com queixas constantes de dor de cabeça, exceto na hora de brincar com uma aplicação que alia o efeito “stroop”, à cor, à forma do objeto, tendo que seguir a sequência, ou a mesma cor, ou a mesma forma geométrica.

A Dª Gertrudes, para meu espanto, passou logo de nível na primeira vez e chegou ao 7 nível após 15 minutos de prática no primeiro dia. Brilhante, para mim, refere que tem facilidade. Chegámos à conclusão que, o facto de sido costureira de renome na nossa capital, capacitou-a para a destreza de selecionar corretamente formas e cores.

A brincadeira é a magia que vai muito para além do que se vê, é o sonho que se torna real. Na brincadeira definem-se vários papéis sociais, as questões de género e, até, o “status quo” do que se espera socialmente. Inclusive já existem laboratórios tecnológicos para ajudar a definir vocações.

Mesmo sabendo dos benefícios da brincadeira, existem preconceitos relativos ao ato de brincar muito associados à idade e ao género. Nem sempre é socialmente aceite uma brincadeira de infância num adulto ou idoso e a brincadeira de rapaz não é de rapariga.

Qual é a tua brincadeira preferida!? Ou a que melhor se adapta a ti ou tu a ela!? Agora, por favor, não ligues ao que o julgamento alheio possa dizer, o que importa és tu! Porque o divertimento é teu!! O Teu humor e sanidade agradece!!

Vamos brincar!? Pode ser à festa da criança que há em nós! Ou outra qualquer, o que importa é brincar! Vamos brincar!!? Thuurruu thuurruu  ;)


*Saber mais acerca do Efeito Strup: pretende criar interferência através de palavras escritas com cores diferentes da palavra escrita. Este teste tem o propósito de avaliar a atenção, que a pessoa tem que ter, ao dizer a cor que está colorida a palavra e não a leitura da mesma. Como o processo de leitura é mais rápido que a identificação de cores, existe a tendência para dizer a palavra escrita, e não a cor. 

https://vimeo.com/53623710

                                                           Celino Barata





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