Pedro Flávio || Fotografia |
Pausa para não fazer nada ||
Dolce fare niente
O “dolce fare niente” está muito
ligado aos latinos, não descriminando ninguém a expressão italiana, assenta
como uma luva a quem aprecia com todo o prazer a degustação do como é doce não
fazer nada, mas é preciso tirar partido dos grande benefícios desta forma de estar.
Às vezes é preciso não fazer
nada, mesmo nada. Fazer nada é mais difícil do que se pensa. Mesmo quando o
nosso corpo é levado pelo cansaço, o nosso pensamento não para, mesmo que se
queira a nossa mente viaja por variadas situações.
Mesmo quando sentimos a sensação
do dever cumprido, em que o descanso é mais que merecido, como o guerreiro que
vence a luta das batalhas do dia-a-dia, nem sempre o não fazer nada acontece. Porque o quotidiano exige-nos multitarefas, urgentes, in loco, aqui, agora, já.
Na hora de descansar, pensamos
que sabemos descansar o nosso corpo, também devemos conseguir descansar a nossa
mente.
É necessário descobrir que o nada
pode ser infinitamente melhor para a mente por ser uma oportunidade única de
possibilidades.
Eu posso dizer nada sei sobre o
nada! Mas quero saber!
O quê!?
Aprender a não fazer nada!?
Isso é para os mandriões! Muito
pelo contrário!
Não fazer nada não é
procrastinar, quer no trabalho, no estudo ou no trabalho académico, só para
sentir o stress de ultima hora, dos prazos ou antes das avaliações, das
frequências. A questão é que quem se habitua a procrastinar vai fazê-lo por não
se dissociar da pessoa. E depois. claro falta tempo para o ócio com a elegância
de um felino satisfeito a ronronar por simplesmente não ter que fazer nada.
Já agora o que nos ensinam sobre
o nada, por exemplo, o que nos ensinaram sobre ele na escola? Muito pouco ou
quase nada. Talvez seja por isso que o tememos tanto como se fosse pecado, ou
um monstro de 8 cabeças disformes e infinitas.
Digo abertamente a todas as
empresas e grandes lideres de produtividade que esta aumentaria
significativamente, se existirem espaços e tempos para não fazer nada nos
horários de trabalho, momentos do nada, de pausa mental, precisam-se, em que o
nada deve ser experienciado através de uma partilha criativa de cada ser em
interação com o nada do outro.
Tal como o pensamento é livre,
como o pulsar vibrante dos nossos corações o aprender a não fazer nada à séria
e com elegância, deveria estar instituído nas metas curriculares do ministério
da educação, desde o pré-escolar, incorporado na expressão livre de sentir as
nossas emoções.
É preciso deixar que o nada
aconteça e o nada não é para ser entendida como uma questão filosófica mas sim
uma experiência ativa e prática, de que se quer experienciar, viver e sentir, é
mais que uma breve pausa a meio do dia ou ao por do sol.
É um nada, onde se deve atingir
um estado limiar, consciente, como acontece em cada crepúsculo, que convida o
dia a serenar, para que a noite brilhe, naturalmente, nas suas infinitas
possibilidades, de uma Via Láctea que quer ser descoberta, com a eminência da teoria
da relatividade geral de Einstein sempre presente, onde o tempo e o espaço se
fundem no nada, o verdadeiro nada que só existe em cada buraco negro, que não é
nada mais, nada menos, que restos de antigas estrelas, que são tão densos, que
nem a luz consegue escapar, é a força mais destruidora do cosmos. Não te
assustes, mas na verdade é que nada escapa, mesmo nada, pode escapar ao buraco
negro, depois de algo passar, pelo ponto de não retorno, o que Einstein chamou
de horizonte de eventos, onde a fuga é impossível, mas é ai que se abre a
possibilidade para a singularidade segundo a Física.
Será que só quando conseguimos
atingir o nada, o não fazer nada na qual a mente não pensa em nada, é que
experienciamos a vivência mais genuína com a nossa singularidade.
Para que não se ouça “há e tal,
não se faz nada”, pois bem, dizes que não se faz nada, aprende mas é a fazer
algo do nada.
Sentir que o nada pode ser um
catalisador infinito de possibilidades de liberdade, melhor que fazer ou ter um
imensidão de coisas que sem a sua devido gosto e atenção, são isso mesmo,
reduzidos a um valor de um mero nada.
Parece que é preciso ter coragem
para não fazer nada, para não pensar em nada, sem preocupações, como se na vida
inteira não tivéssemos esse direito de viver em estar contigo mesmo, e não é
ser egoísta, és tu, só tu, só tu o podes sentir. E depois claro partilhar o teu
nada com os outros.
Nesta era que muito se fala,
muito se escreve, mas pouco ou nada se sente cara a cara, como um vínculo
afetivo de verdadeira partilha emocional.
Experimenta!
Já reparaste que quando o nada
existe, abre-se a possibilidade imensa de tudo poder acontecer, como se de um
nova esperança de nascimento se tratasse????
Saudações ou felicitações para
quem tem coragem! De não fazer nada! E aproveitar para fazer algo do nada!
Dizer "agora, eu sou a
prioridade" o meu nada é a prioridade, desculpa agora não posso, estou
ocupado a não fazer nada.
Já que é para não fazer nada, que
tal fazer um género de "reset" só para ver o que acontece.
Como quando fazemos apneia
debaixo da água, e sentimos o corpo e a mente a flutuar em câmara lenta.
Ter a capacidade de sair de nós
mesmos para nos observarmos como se fosse um “drone” a filmar-nos de cima.
Mesmo quando estás tão tenso(a) e
te sentes como se fosse a panela de
pressão pronta a explodir, o que lhe vale é a bailarica, que aproveita a saída
de ar, onde a água já em vapor e com os seus sais e seus aromas assobia e
rodopia como se de uma dança se tratara, tal como ela deixa te levar, e aproveita
as possibilidades do nada das coisas mais simples.
Onde está a doçura do nada, do
fazer acontecer o nada!?
Terás que descobrir, creio que
estará na simplicidade de cada encontro contigo mesmo.
Celino Barata
Ansiosa...
ResponderEliminarComeça por seguir a Pausa sobre o respirar, segue a do dormir bem para um bom despertar, é um boa forma para atingires o teu nada! E bom Dolce Farie Niente!
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