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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Pausa para não fazer nada || Dolce fare niente



Pedro Flávio || Fotografia


Pausa para não fazer nada || Dolce fare niente

O “dolce fare niente” está muito ligado aos latinos, não descriminando ninguém a expressão italiana, assenta como uma luva a quem aprecia com todo o prazer a degustação do como é doce não fazer nada, mas é preciso tirar partido dos grande benefícios  desta forma de estar.

Às vezes é preciso não fazer nada, mesmo nada. Fazer nada é mais difícil do que se pensa. Mesmo quando o nosso corpo é levado pelo cansaço, o nosso pensamento não para, mesmo que se queira a nossa mente viaja por variadas situações.

Mesmo quando sentimos a sensação do dever cumprido, em que o descanso é mais que merecido, como o guerreiro que vence a luta das batalhas do dia-a-dia, nem sempre o não fazer nada acontece. Porque o quotidiano exige-nos multitarefas, urgentes, in loco, aqui, agora, já.

Na hora de descansar, pensamos que sabemos descansar o nosso corpo, também devemos conseguir descansar a nossa mente.

É necessário descobrir que o nada pode ser infinitamente melhor para a mente por ser uma oportunidade única de possibilidades.

Eu posso dizer nada sei sobre o nada! Mas quero saber!

O quê!?

Aprender a não fazer nada!?

Isso é para os mandriões! Muito pelo contrário!

Não fazer nada não é procrastinar, quer no trabalho, no estudo ou no trabalho académico, só para sentir o stress de ultima hora, dos prazos ou antes das avaliações, das frequências. A questão é que quem se habitua a procrastinar vai fazê-lo por não se dissociar da pessoa. E depois. claro falta tempo para o ócio com a elegância de um felino satisfeito a ronronar por simplesmente não ter que fazer nada.

Já agora o que nos ensinam sobre o nada, por exemplo, o que nos ensinaram sobre ele na escola? Muito pouco ou quase nada. Talvez seja por isso que o tememos tanto como se fosse pecado, ou um monstro de 8 cabeças disformes e infinitas.

Digo abertamente a todas as empresas e grandes lideres de produtividade que esta aumentaria significativamente, se existirem espaços e tempos para não fazer nada nos horários de trabalho, momentos do nada, de pausa mental, precisam-se, em que o nada deve ser experienciado através de uma partilha criativa de cada ser em interação com o nada do outro. 

Tal como o pensamento é livre, como o pulsar vibrante dos nossos corações o aprender a não fazer nada à séria e com elegância, deveria estar instituído nas metas curriculares do ministério da educação, desde o pré-escolar, incorporado na expressão livre de sentir as nossas emoções. 

É preciso deixar que o nada aconteça e o nada não é para ser entendida como uma questão filosófica mas sim uma experiência ativa e prática, de que se quer experienciar, viver e sentir, é mais que uma breve pausa a meio do dia ou ao por do sol.
  
É um nada, onde se deve atingir um estado limiar, consciente, como acontece em cada crepúsculo, que convida o dia a serenar, para que a noite brilhe, naturalmente, nas suas infinitas possibilidades, de uma Via Láctea que quer ser descoberta, com a eminência da teoria da relatividade geral de Einstein sempre presente, onde o tempo e o espaço se fundem no nada, o verdadeiro nada que só existe em cada buraco negro, que não é nada mais, nada menos, que restos de antigas estrelas, que são tão densos, que nem a luz consegue escapar, é a força mais destruidora do cosmos. Não te assustes, mas na verdade é que nada escapa, mesmo nada, pode escapar ao buraco negro, depois de algo passar, pelo ponto de não retorno, o que Einstein chamou de horizonte de eventos, onde a fuga é impossível, mas é ai que se abre a possibilidade para a singularidade segundo a Física.

Será que só quando conseguimos atingir o nada, o não fazer nada na qual a mente não pensa em nada, é que experienciamos a vivência mais genuína com a nossa singularidade.

Para que não se ouça “há e tal, não se faz nada”, pois bem, dizes que não se faz nada, aprende mas é a fazer algo do nada.

Sentir que o nada pode ser um catalisador infinito de possibilidades de liberdade, melhor que fazer ou ter um imensidão de coisas que sem a sua devido gosto e atenção, são isso mesmo, reduzidos a um valor de um mero nada.

Parece que é preciso ter coragem para não fazer nada, para não pensar em nada, sem preocupações, como se na vida inteira não tivéssemos esse direito de viver em estar contigo mesmo, e não é ser egoísta, és tu, só tu, só tu o podes sentir. E depois claro partilhar o teu nada com os outros.

Nesta era que muito se fala, muito se escreve, mas pouco ou nada se sente cara a cara, como um vínculo afetivo de verdadeira partilha emocional.   

Experimenta!

Já reparaste que quando o nada existe, abre-se a possibilidade imensa de tudo poder acontecer, como se de um nova esperança de nascimento se tratasse????

Saudações ou felicitações para quem tem coragem! De não fazer nada! E aproveitar para fazer algo do nada!

Dizer "agora, eu sou a prioridade" o meu nada é a prioridade, desculpa agora não posso, estou ocupado a não fazer nada.

Já que é para não fazer nada, que tal fazer um género de "reset" só para ver o que acontece.

Como quando fazemos apneia debaixo da água, e sentimos o corpo e a mente a flutuar em câmara lenta.

Ter a capacidade de sair de nós mesmos para nos observarmos como se fosse um “drone” a filmar-nos de cima.

Mesmo quando estás tão tenso(a) e te sentes  como se fosse a panela de pressão pronta a explodir, o que lhe vale é a bailarica, que aproveita a saída de ar, onde a água já em vapor e com os seus sais e seus aromas assobia e rodopia como se de uma dança se tratara, tal como ela deixa te levar, e aproveita as possibilidades do nada das coisas mais simples.

Onde está a doçura do nada, do fazer acontecer o nada!?


Terás que descobrir, creio que estará na simplicidade de cada encontro contigo mesmo.

                                                           Celino Barata

2 comentários:

  1. Respostas
    1. Começa por seguir a Pausa sobre o respirar, segue a do dormir bem para um bom despertar, é um boa forma para atingires o teu nada! E bom Dolce Farie Niente!

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