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sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Pausa || Para Ser Atento


Pausa || Para Ser Atento

Atenção é um precioso mecanismo limitado no tempo e na sua capacidade de fluxo de informação sensorial que, por sua vez, depende da motivação do ou dos interlocutores, pois sem a atenção devida a uma determinada situação não existem aprendizagens novas ou consolidação das anteriores a esta.  
A atenção é uma atitude psíquica, na qual há seleção de determinados estímulos em detrimento de outros, funcionando como filtro de algumas informações do meio ambiente. Ela dirige o nosso comportamento e está sempre conectada com o grau de consciência de cada pessoa. 

Existem situações patológicas ligadas à fisiologia morfológica da pessoa, mas não confundir com os deficits atencionais muitas vezes rotulados para a vida, por momentos agitados de um ser inquieto por prismas do saber que vá ao encontro da sua identidade e não somente concordante dos métodos curriculares que um sistema impõe  como o mais correto e como verdade absoluta. Na maioria das vezes são pessoas altamente criativas e a sua energia deve ser sabiamente conduzida para o sentido da produtividade.   

O estudo da atenção foi interpretado quase como uma ciência exata com as 3 premissas bases apresentadas, o limite temporal “a atenção agradece pausas que reforcem a atenção a cada 20 minutos entre tarefas”, a clareza do fluxo informativo “a mensagem deve ser clara e evidente sem ruídos distratores” e a motivação “interesse pessoal”, em que os seus aficionados dogmáticos creem que o mundo da criatividade não tem nada a acrescentar, nada de valor, a fórmulas que sempre assim foram e serão.  

Crença à parte, alargar o espetro da atenção aos mais variados domínios será benéfico para todos, como ter a capacidade de uma atenção geral e introspetiva, assim como ter a visão de um drone com observação através de imagens extra estratosféricas e, ao mesmo tempo, intrapixelizada do teu mundo, sem perder definição da tua realidade, sim é um exercício complexo, mas simples ao mesmo tempo, por acrescentar atenção consciente a tudo o que realizamos. Permite assim observar com atenção o nosso comportamento através de uma ótica externa e com a tua genuína compreensão dos teus processos intrapsíquicos.  

Poderíamos falar da atenção de vários prismas polarizados  às  formas de a utilizar, tal como da constante mendigação da atenção eminente nas redes sociais, mas talvez fique para reflexões pessoais futuras. 

Este é considerado o melhor tempo de sempre pelas descobertas científicas tal como a velocidade de conhecimento disponível, mas o desafio é constante e o maior é para quem não foi “treinado” a pensar de forma crítica e a construir o seu próprio conhecimento. Onde fica o poder crítico pessoal e genuíno e a suposta criatividade em tudo o que se faz, ter incentivos para o debate e aceitar sem reservas opiniões divergentes seria benéfico ter atenção ao que importa, sem a filtragem dos interesses do mediatismo dos “media”. Ter atenção à questão pouco lucrativa, mas de grande eriquecimento que é o “ser”, e ter tempo necessário para o cultivar e o recriar. 

Fazer uma pausa para ser atento ao que realmente importa e o que poderá ser o futuro da humanidade parece ser uma utopia nos dias de hoje e uma consequente perda de tempo. Ter a noção que o vício dos “media” desvia tempo e atenção da experiência imediata do ambiente que nos rodeia para ter uma experiência do utilizador mediada por uma grande variedade de dispositivos eletrónicos. 
Importa agora fazer um exercício atencional que exige alguma prática, o ter atenção ao aqui e agora onde estás e o que tens para fazer no momento, sem condicionalismos do nosso antes e de um depois que poderá vir. 

Ser observador de nós mesmos em cada tarefa é um exercício de grande utilidade e enriquecimento pessoal. A entrega, por exemplo, a exercícios de arte que projetam a criatividade como desenhos ou pinturas de Mandalas a ouvir música agradável é altamente promotor de uma conetividade a um foco atencional que poderá dar abertura a um mundo de possibilidades atencionais com o poder de criar futuras ligações cognitivas.  
                                                                                                                           
                                                                                                                                                                             Celino Barata

Imprimir e colorir a gosto.
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sexta-feira, 14 de julho de 2017

Pausa para Pensar || Pensamento Original





Pausa para pensar || Pensamento Original

O pensamento é como o batimento cardíaco e a respiração, inconscientemente ele nunca para, mas, por vezes, ficamos sem respiração ou com a sensação de arritmia, tal como o pensamento. Este, por vezes, finta-nos, prega-nos partidas, quando temos tudo para estarmos felizes, há, subitamente, um pensamento negativo que nos assombra a dizer “não vais conseguir”, “a sorte não está do teu lado”, “para quê tentar”.

Pois bem, existe um exercício prático muito simples, mas exige alguma atenção e dedicação, antes de se tornar mentalmente evidente é preferível apontar no papel, em forma de grelha, na primeira coluna descrever o pensamento negativo que ocorreu, na segunda coluna escrever as evidências da realidade desse pensamento e, na terceira coluna, apontar possíveis pensamentos alternativos sempre que esse pensamento negativo ocorrer.

Para que o pensamento alternativo seja o dominante, ou seja, o motivador em fases decisivas da nossa vida, é importante fazer este exercício de pensamento mental.

O pensamento é livre, ou melhor, livre não é sinónimo de liberdade, livre de regras, de filtros e restrições da forma como se deve pensar, para adquirir um pensamento que se quer libertador por si mesmo, temos um longo caminho que se faz diariamente, através de pequenos exercícios que questionam a própria realidade das coisas.

Porque nem sempre percecionamos o que está mesmo à nossa frente. Por vezes, vemos o que queremos ou estamos predispostos a ver, convencidos de que aquilo que vemos é tudo que há para ver. Mas quem garante que estamos a ver de um ângulo ou uma direção que é a mais correta para a situação em causa?

Repara, há mais que uma forma de pensar/observar um problema. Naturalmente, é fácil negligenciar a forma mais produtiva ou criativa de lidar com as coisas. Quando habituados a problemas simples e nos deparamos com algo mais complexo e que parece irresolúvel é necessário dar ênfase a uma nova abordagem, para acionar a ignição para prosseguir a linha do pensamento até chegar a uma solução satisfatória.

Muito se fala em pensar fora da “box”, mais um ”cliché” dos “Mental Coching”. Como não aprecio frases ou teorias pré-feitas, esse conceito e outros subjacentes ao pensamento divergente e criativo, em que, ao fazer um “Brainstorm” de ideias, estas se tornam, novamente, concretas, assim que existe uma abertura, ou seja, uma filtragem das ideias mais irreais, supostamente fica apenas a que seja aceite e viável e, mais tarde, vendável como se de uma ideia de negócio se tratasse.

Prefiro não nomear ou rotular formas de pensar, mas se for que seja um pensamento fora do mundo do nosso e dos outros, sem sofrer influências; porque as nossas experiências determinam o que vemos, se possível; que seja algo original com essência própria, seria o “pensamento original” que deveria questionar as estratégias a forma como olhamos o mundo, para descobrir soluções inesperadas, pensar novas direções. Não há chaves no mundo da estimulação cognitiva mas, se houver, uma delas é compreender a perceção, tal como os mágicos fazem quando fazem acontecer a magia mas, como em tudo, é preciso sinceridade e acreditar na sua possibilidade.

O porquê do pensamento original? Porquê pensar de forma diferente da habitual!? O porquê de percecionarmos as coisas de forma particular? Por que há coisas que nos escapam? Como ver através da melhor perspetiva para cada situação? Como adquirir esta sensibilidade para percecionar e aceitar a diferença de pensamento sem preconceitos?

Por haver questões que ultrapassam as regras, como as do xadrez que obedecem às regras do jogo, e é com aquelas que o jogador tem que lidar para ganhar o adversário, jogada após jogada. Existem questões em que temos que pôr de lado conceitos e regras para descobrir outras opções, outras questões ou ver se o problema é realmente um problema, poderá ter uma solução bem mais simples que, por algum motivo, não estamos a vislumbrar.

Esta abordagem de pensamento não é propriamente um trabalho difícil e o esforço não é garantia de sucesso, porque o esforço em demasia pode levar a padrões rígidos de pensamento e o que se pretende é destreza mental e inteligência aplicada, era o que a minha avó queria dizer com o “olho vivo e pé ligeiro”.

É necessário, ao mesmo tempo, ter a capacidade de relaxar numa abordagem mais despreocupada, mas interessada, como o possível prazer de executar o nosso trabalho na nossa praia preferida, como o sábio faz, e muito bem, na sua pressa vagarosa do querer saber mais com a prudência de auto questionar a sua evolução e a do universo.

Como é isto de pensar original!?
Como posso ver esta questão de outro ângulo-perspetiva!?
Se for apenas um quebra-cabeças verbal, quais são as palavras com duplos significados?
Pôr de parte o preconceito e dizer “estou a dar isto como o mais certo, mas se não o fizer o que devo pensar ou ver”.

É preciso estar disponível para o desafio da mudança de pensamento, ter consciência que o nosso cérebro é uma centena de milhares de milhões de neurónios, capazes de fazer conexão com dezenas de milhares de outras células. Por isso temos uma enorme capacidade de aprender, não devemos cingir-nos a uma única abordagem mental.

Se te consideras uma pessoa lógica e dás preferência às ciências exatas, lembra-te que poderás estar a perder um bem precioso que é a visão de uma flexibilidade mental muito mais alargada, onde terás, certamente, mais que uma forma de pensar, de ver, abordar e solucionar uma questão. Pode ser no trabalho, em família ou no convívio com amigos.

O pensamento, por si só, é o que temos de mais certo em nós, lembra-te, ao criares hábitos de pensamento originais e benéficos para ti, com originalidade marcante para a memória, como a brisa do mar que rejuvenesce o ar, desta forma estarás sempre em genuína e agradável companhia. 

Antes de alguma situação habitual ou inesperada,  se sincero e faz uma pausa e dá abertura à prática do teu pensamento original.


                                                     Celino Barata


sexta-feira, 17 de março de 2017

Pausa || Para Sentir




Pausa || para sentir
Sentir o que verdadeiramente sentimos precisa-se.
Somos um infinito de sentimentos, tão vasto quanto variada em intensidades, vistos diariamente a olho de um mapa de coloração corporal das emoções, este varia numa decalagem, sem cor em estado basal, pouca ativação e descolorado sempre que sentimos tristeza, ao todo irrigado e colorido de laranja avermelhado sempre que sentimos paixão.
Atualmente é enorme a rapidez de comunicação e a informação é tão voraz, que se multiplica a cada dia, este “bombardeamento informativo” é irreversível, ainda está por estudar os seus efeitos cerebrais, no conceito lato na sociedade em que vivemos e para onde caminha o seu contexto social de toda esta mutação constante das formas de comunicar as emoções.
As emoções são demonstradas e vividas nas redes sociais, desde as emoções mais simples às mais complexas, e a verdadeira veracidade das mesmas é uma questão tão complexa, quanto refinada. É a mente humana na forma como comunica a emoção, como seres influenciáveis que somos, as redes sociais, foram criadas para comunicar, informar, sentir rápido, esta rapidez de sentir, ou querer fazer-se sentir no outro, criou uma necessidade. Esta interdependência de um querer aparecer, de se fazer notável para os outros, ou simplesmente combater o medo da solidão, estes meios levam a saltar etapas, as etapas essenciais, para que haja solidez de sentimentos, na hora de nos relacionarmos e sentir na pele e cara a cara.
A regulação sociocultural mexe em grande escala com todos os seres humanos, quer queiramos ou não como seres globais, as problemáticas que hoje um país sente, afeta direta e indiretamente as pessoas de um país longínquo, a globalização deixa-nos uma certeza que estamos todos no mesmo barco que é o planeta Terra.
Mesmo que queiramos negar como mecanismo de defesa, sentimos as catástrofes, a fome e as guerras em países que mal queremos ouvir falar, mas poderíamos ser nós próprios a passar por aquela situação.
Pois é, e se fossemos nós!?
A capacidade empática de nos pormos no lugar do outro, ainda bem que acontece, se não deixávamos de ser humanos, esta empatia é responsabilidade dos neurónios espelho que nos alertam para o sentir do outro, sempre que alguém sofre, pois em algum dia poderei ser eu, e seria tão bom ter auxílio de alguém.
Porém, cada um tem a sua forma de sentir, a sua própria forma de comunicar e de se fazer entender, a sua própria sinestesia em fazer perceber a sua essência.
Sentimos e demonstramos nossas percepções de formas diferentes. Necessitamos aceitar isso.
Precisamos sentir é também admitir que a vida é cheia de surpresas, inclusive no modo como nos vamos sentir em reação a algo, também é preciso estar disponível para que aconteça, para que se deixe tocar e ir em busca do que realmente sentes.
Mesmo as pessoas mais seguras de si, sentem e se derretem quando se deparam com a hora da vulnerabilidade, porque sem partilha não se é ninguém.
Muitas vezes sentimos as emoções diretamente no “corpo”.
Pois bem, já ouviste falar em dores psicossomáticas, sim é verdade emoções com cargas tão negativas que ao não serem resolvidas e direcionadas no sentido de serem libertadas do organismo, estas somatizam-se em dores corporais.
Costumo dizer que falar de sentimentos deveria ser tão natural como a sede, viver, como quem diz, seria a descrição clara e cristalina sem rodeios da narrativa do sentimento de sentir.
Hoje as transformações socioculturais são enormes e imprevisíveis tal como as mutações dos seus valores, tal como disse Zygmunt Bauman acerca das relações humanas, “vivemos tempos líquidos voláteis nada está para durar”...Esta incógnita de interrogação, de insegurança, que o mundo pós-moderno deposita em nós, em que cada pessoa tem que gerir as variadas informações e filtra-las sabiamente, para viver as emoções e sentimentos numa esfera de constante inconstância é complexo, encontrar a homeostasia equilibrada em nós próprios. 
Repara como é difícil fazê-lo:
Descreve para alguém alguma experiência que te tenha despoletado em ti uma emoção de tal forma que te fez sentir especial.
Como por exemplo:
Episódio em que auxiliaste alguém necessitado.
Encontro com a beleza arrebatadora da Natureza.
Ou outros encontros com pessoas ou connosco próprios.
Seja como for, vivenciar e partilhar o teu sentir, é essencial, sentir o nosso infinito de sentimentos diários, mesmo os de carga negativa, que causam dor, podem ser simplificados na hora da partilha do teu sentir com o outro, e é nessa abertura de convivência presencial que a sua assimilação e compreensão podem acontecer naturalmente.
           
                                                            Celino Barata



sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Pausa || Para escrever



















Pausa || Para escrever

Não é novidade para ninguém que colocar no papel o que nos vai na alma pode ajudar a minimizar efeitos de acontecimentos traumáticos. O que ainda não se sabia era que, além das feridas emocionais, escrever também pode ajudar a curar feridas físicas. Visto a lógica deste estudo parece-me natural, quando a escrita se torna um bom catalisador de catarse emocional, esta permite uma oxigenação superior do organismo, logo a fortificação do sistema imunitário.

A observação da forma como se escreve desde a forma da grafia de cada letra à forma como se conjugam as palavras pode dizer muito da nossa personalidade e do nosso estado anímico no momento em que o fazemos. Repara que a tua forma de fazer as letras é só tua, é como a tua impressão digital, e que bonita é a caligrafia de algumas pessoas. Importa saber que a escrita acompanhada e dirigida pode ter bons resultados terapêuticos no tratamento de alguns desequilíbrios mentais. 

Escrever à mão, nos dias de hoje, está em desuso, mas é das melhores formas de estimulação cognitiva que temos desde os primórdios grafemas na era do bronze, que o homem tem a necessidade de se comunicar e relatar os acontecimentos. Atualmente a escrita é raro, ser feita em papel, enviar cartas e receber. A maioria da correspondência que nos chega à nossa caixa de correio são contas para pagar ou anúncios para comprar.

Ainda me lembro das primeiras cartas que escrevi e recebi, tanta importância tiveram no meu crescimento.

Agora a escrita passou a ser só o essencial, pequenas frases por mensagem, e-mails, ou somente emojis de emoções. É curioso que antes dos alfabetos (os mais conhecidos eram os hieróglifos egípcios) a comunicação era feita por símbolos, os chamados sinais sagrados. Para dizer boi fazia-se o desenho de um boi. Decifrar a mensagem de um hieróglifo era tão sagrado, quanto secreta tenta ser a mensagem de emojis com uma junção de letras à mistura na transmissão de emoções, nos dias de hoje.

Ao começar a escrever algo, seja o que for, existe sempre o chamado “síndrome da folha em branco” em que parece que é preciso ter a mente completamente limpa para começar. Tal como um pintor quando decide pintar um quadro, precisa de inspiração par dar a primeira pincelada, a primeira gota de tinta a colorizar a tela, a escrita também assim o exige como se a musa da escrita precisasse de ser mimada a cada dia, para que a criatividade e a inspiração não navegue além das margens da folha.

Toda a palavra deve ter vida própria em estado de liberdade, pode estar errada, mesmo sem sentido, no meio, do princípio ao fim, que sempre se divirta, quem a lê, a interpreta, ou a cante em tom de canção, e dance a quem fez aquecer o coração.

Escrever é um momento criativo com asas sem limites de céu, é aquele encontro contigo mesmo, em que a tua própria voz rediz o pensamento em cada palavra.

Como vos digo, cada um saberá a sua forma de o fazer, não sou um escritor por excelência, sabendo das minhas limitações, para mim escrever é uma luta como o é para todos os disléxicos que encalaram os erros. Passei a encará-los sem medos, já sem qualquer nervosismo, ou sentimento de inferioridade perante o erro por mais repetitivo que seja, “o disléxico puro sabe que há palavras que se escrevem assim, mas erra na mesma porque a velocidade de processamento do que está a pensar é mais rápido que a capacidade de escrita”. Sem querer desculpar-me, o importante é comunicar, o meu corretor “Julix-llabela” (nome fictício). Diz que eu a escrever sou como o Nobel José Saramago, não existem regra gramaticais, vírgulas e pontos finais. Não há limites e por vezes saio da própria folha em branco. Nesta tentativa de perceber a dislexia de próximos e longínquos temos coisa em comum, uma necessidade enorme de nos comunicarmos, mas a maioria evita a escrita, por ser, naturalmente, um esforço acrescido.

Qual é a tua forma de escrever!? Gostava mesmo de saber, vou só ler sem tentar perceber como pensas ou é a tua personalidade, só se me pedires muito. Somente porque escrever é isso mesmo, uma partilha com os outros, o que sentimos no nosso íntimo.  

Há quanto tempo não escreves uma carta para alguém!?

Ou simplesmente não registas um acontecimento importante!?

Ter um caderno de bolso ajuda a registares algumas ideias para futura escrita. Sabes que escreveres descrições de situações, sensações ou emoções “in loco” são muito mais fidedignas com a tua memória, este relato e a recordação futura fica preservada.
Este exercício de registares memórias presentes, pode auxiliar a tua memória no futuro. Escreve e vais ver a tua evolução, como ser comunicativo, o que escreves hoje ou a capacidade que descrever o que sentes hoje será diferente de um dia mais à frente, mesmo que a situação ou emoção seja parecida.
 
Faz uma pausa e permite-te escrever algo nem que seja só para ti, mas dá-te esse presente, que decerto vai ser uma boa recordação futura. O que escreves, apesar de não ser tão rápido, mas pode ser mais descritivo que uma foto ou uma selfie de uma situação. Acreditas!? 

Boa escrita.

Celino Barata



sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Pausa para não fazer nada || Dolce fare niente



Pedro Flávio || Fotografia


Pausa para não fazer nada || Dolce fare niente

O “dolce fare niente” está muito ligado aos latinos, não descriminando ninguém a expressão italiana, assenta como uma luva a quem aprecia com todo o prazer a degustação do como é doce não fazer nada, mas é preciso tirar partido dos grande benefícios  desta forma de estar.

Às vezes é preciso não fazer nada, mesmo nada. Fazer nada é mais difícil do que se pensa. Mesmo quando o nosso corpo é levado pelo cansaço, o nosso pensamento não para, mesmo que se queira a nossa mente viaja por variadas situações.

Mesmo quando sentimos a sensação do dever cumprido, em que o descanso é mais que merecido, como o guerreiro que vence a luta das batalhas do dia-a-dia, nem sempre o não fazer nada acontece. Porque o quotidiano exige-nos multitarefas, urgentes, in loco, aqui, agora, já.

Na hora de descansar, pensamos que sabemos descansar o nosso corpo, também devemos conseguir descansar a nossa mente.

É necessário descobrir que o nada pode ser infinitamente melhor para a mente por ser uma oportunidade única de possibilidades.

Eu posso dizer nada sei sobre o nada! Mas quero saber!

O quê!?

Aprender a não fazer nada!?

Isso é para os mandriões! Muito pelo contrário!

Não fazer nada não é procrastinar, quer no trabalho, no estudo ou no trabalho académico, só para sentir o stress de ultima hora, dos prazos ou antes das avaliações, das frequências. A questão é que quem se habitua a procrastinar vai fazê-lo por não se dissociar da pessoa. E depois. claro falta tempo para o ócio com a elegância de um felino satisfeito a ronronar por simplesmente não ter que fazer nada.

Já agora o que nos ensinam sobre o nada, por exemplo, o que nos ensinaram sobre ele na escola? Muito pouco ou quase nada. Talvez seja por isso que o tememos tanto como se fosse pecado, ou um monstro de 8 cabeças disformes e infinitas.

Digo abertamente a todas as empresas e grandes lideres de produtividade que esta aumentaria significativamente, se existirem espaços e tempos para não fazer nada nos horários de trabalho, momentos do nada, de pausa mental, precisam-se, em que o nada deve ser experienciado através de uma partilha criativa de cada ser em interação com o nada do outro. 

Tal como o pensamento é livre, como o pulsar vibrante dos nossos corações o aprender a não fazer nada à séria e com elegância, deveria estar instituído nas metas curriculares do ministério da educação, desde o pré-escolar, incorporado na expressão livre de sentir as nossas emoções. 

É preciso deixar que o nada aconteça e o nada não é para ser entendida como uma questão filosófica mas sim uma experiência ativa e prática, de que se quer experienciar, viver e sentir, é mais que uma breve pausa a meio do dia ou ao por do sol.
  
É um nada, onde se deve atingir um estado limiar, consciente, como acontece em cada crepúsculo, que convida o dia a serenar, para que a noite brilhe, naturalmente, nas suas infinitas possibilidades, de uma Via Láctea que quer ser descoberta, com a eminência da teoria da relatividade geral de Einstein sempre presente, onde o tempo e o espaço se fundem no nada, o verdadeiro nada que só existe em cada buraco negro, que não é nada mais, nada menos, que restos de antigas estrelas, que são tão densos, que nem a luz consegue escapar, é a força mais destruidora do cosmos. Não te assustes, mas na verdade é que nada escapa, mesmo nada, pode escapar ao buraco negro, depois de algo passar, pelo ponto de não retorno, o que Einstein chamou de horizonte de eventos, onde a fuga é impossível, mas é ai que se abre a possibilidade para a singularidade segundo a Física.

Será que só quando conseguimos atingir o nada, o não fazer nada na qual a mente não pensa em nada, é que experienciamos a vivência mais genuína com a nossa singularidade.

Para que não se ouça “há e tal, não se faz nada”, pois bem, dizes que não se faz nada, aprende mas é a fazer algo do nada.

Sentir que o nada pode ser um catalisador infinito de possibilidades de liberdade, melhor que fazer ou ter um imensidão de coisas que sem a sua devido gosto e atenção, são isso mesmo, reduzidos a um valor de um mero nada.

Parece que é preciso ter coragem para não fazer nada, para não pensar em nada, sem preocupações, como se na vida inteira não tivéssemos esse direito de viver em estar contigo mesmo, e não é ser egoísta, és tu, só tu, só tu o podes sentir. E depois claro partilhar o teu nada com os outros.

Nesta era que muito se fala, muito se escreve, mas pouco ou nada se sente cara a cara, como um vínculo afetivo de verdadeira partilha emocional.   

Experimenta!

Já reparaste que quando o nada existe, abre-se a possibilidade imensa de tudo poder acontecer, como se de um nova esperança de nascimento se tratasse????

Saudações ou felicitações para quem tem coragem! De não fazer nada! E aproveitar para fazer algo do nada!

Dizer "agora, eu sou a prioridade" o meu nada é a prioridade, desculpa agora não posso, estou ocupado a não fazer nada.

Já que é para não fazer nada, que tal fazer um género de "reset" só para ver o que acontece.

Como quando fazemos apneia debaixo da água, e sentimos o corpo e a mente a flutuar em câmara lenta.

Ter a capacidade de sair de nós mesmos para nos observarmos como se fosse um “drone” a filmar-nos de cima.

Mesmo quando estás tão tenso(a) e te sentes  como se fosse a panela de pressão pronta a explodir, o que lhe vale é a bailarica, que aproveita a saída de ar, onde a água já em vapor e com os seus sais e seus aromas assobia e rodopia como se de uma dança se tratara, tal como ela deixa te levar, e aproveita as possibilidades do nada das coisas mais simples.

Onde está a doçura do nada, do fazer acontecer o nada!?


Terás que descobrir, creio que estará na simplicidade de cada encontro contigo mesmo.

                                                           Celino Barata

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Pausa para Brincar || Brincar é Urgente!! Já Brincaste Hoje???




Pausa para Brincar || Brincar é Urgente!! Já Brincaste Hoje???

Brincar é a ação de entreter, distrair, recriar, dar ânimo a objetos que tudo podem como super heróis, pedrinhas, paus, bonecas, carros, bolas… são a porta aberta para o mundo mágico do imaginário, onde o nada se transforma no tudo, como forma expressiva do inocente e mais puro que há em nós.

É uma necessidade básica, tal como beber, comer, dormir e amar… Brincar está na natureza do desenvolvimento humano, em qualquer idade, é a capacidade genuína de reinventar a juventude. Através do brincar relativizamos a realidade!! Quem não o faz… pode comprometer o seu crescimento como pessoa, mas também desventura a memória de recordar o prazer de uma brincadeira futura.

Neurocientistas indicam que brincar alivia as dores psicossomáticas, a ansiedade e a sintomatologia depressiva. Há tempos fizemos um exercício com alunos onde o tema era o abraço e o beijinho que funcionavam como um ansiolítico genérico, farei agora o brincar como sendo antidepressivo grátis.

Brincar é uma experiência tão rica e complexa que, ao superar uma expetativa, cria uma explosão de alegria única, capaz de alterar a morfologia cerebral, pois a brincadeira desenvolve ligações neuronais por optimizar, naturalmente, o vínculo de laços afetivos.

Brincar não é sinal de imaturidade, muito pelo contrário, desafia a inteligência. Observa bem uma criança a brincar, seriamente, e todo o empenho que aplica nas várias superações de si na sua brincadeira preferida! 

O mesmo acontece com a aprendizagem de assuntos sérios e complexos, a assimilação de conhecimentos é facilitada, sempre que o sentido de brincar está presente por ser uma via privilegiada para as emoções positivas.

As brincadeiras vão evoluindo, no tempo dos nossos avós a brincadeira principal era cantar, enquanto realizavam os trabalhos do campo ou jogos tradicionais; era nos domingos, ao fim da missa, ou a caminho dos privilegiados que iam à escola, a saltar ao elástico, a jogar à macaca e a fazer bonecas de trapos, brincadeiras que deliciavam as raparigas e jogos como a bilharda, a malha e fazer carros de madeira ou cortiça entretinham os rapazes.

Na minha infância, só na minha rua éramos sem descriminação, 16 rapazes e 5 raparigas. A rua tinha um chamariz que era gritar alto o “Thurru Thurru”. Era o aviso, o primeiro amigo que já se tinha despachado dos trabalhos da escola já estava disponível para a brincadeira. Todos juntos, além de enfiar a bola no buraco do “baturel”, brincávamos desde a “sirumba”, ao “pum” uma espécie de paintball virtual de índios e cowboys, sem balas nem flechas. Todos os anos construíamos casinhas de brincar, desde as paredes aos tetos, com os mais requintados pormenores, só para ter o nosso porto de abrigo!

E quando dois amigos juntavam uns escudos para comprar dois gelados de gelo, depois de lambuzarmos o gelado, com o pau do mesmo, abríamos um buraquinho a meio no pau, como se fora uma baliza, até onde pudesse passar só a moeda de 1 escudo. Ao deslizar a moeda numa soleira de pedra lisa, tentávamos acertar no buraco da baliza… quando a moeda passava, era golo!! Podíamos passar assim uma tarde de completa diversão, até nos lembrarmos de uma nova brincadeira, sempre com o sentido de criar algo do nada.

Quanto a tecnologias, só no princípio da pré-adolescência é que um amigo me apresentou o “pong” um jogo de computador num “Spectrum”, um jogo que demorava uma meia hora a instalar. A lógica do jogo era a mesma dos paus de gelados e da moeda, era um ponto como se fosse uma moeda e um traço de cada lado como se fossem os paus, o ponto se passasse era golo.

A evolução e a criatividade são tantas e tão apelativas que agora, na era do “touch”, as aplicações são sugestivas ao ponto de a Dª Gertrudes (nome fictício) com queixas constantes de dor de cabeça, exceto na hora de brincar com uma aplicação que alia o efeito “stroop”, à cor, à forma do objeto, tendo que seguir a sequência, ou a mesma cor, ou a mesma forma geométrica.

A Dª Gertrudes, para meu espanto, passou logo de nível na primeira vez e chegou ao 7 nível após 15 minutos de prática no primeiro dia. Brilhante, para mim, refere que tem facilidade. Chegámos à conclusão que, o facto de sido costureira de renome na nossa capital, capacitou-a para a destreza de selecionar corretamente formas e cores.

A brincadeira é a magia que vai muito para além do que se vê, é o sonho que se torna real. Na brincadeira definem-se vários papéis sociais, as questões de género e, até, o “status quo” do que se espera socialmente. Inclusive já existem laboratórios tecnológicos para ajudar a definir vocações.

Mesmo sabendo dos benefícios da brincadeira, existem preconceitos relativos ao ato de brincar muito associados à idade e ao género. Nem sempre é socialmente aceite uma brincadeira de infância num adulto ou idoso e a brincadeira de rapaz não é de rapariga.

Qual é a tua brincadeira preferida!? Ou a que melhor se adapta a ti ou tu a ela!? Agora, por favor, não ligues ao que o julgamento alheio possa dizer, o que importa és tu! Porque o divertimento é teu!! O Teu humor e sanidade agradece!!

Vamos brincar!? Pode ser à festa da criança que há em nós! Ou outra qualquer, o que importa é brincar! Vamos brincar!!? Thuurruu thuurruu  ;)


*Saber mais acerca do Efeito Strup: pretende criar interferência através de palavras escritas com cores diferentes da palavra escrita. Este teste tem o propósito de avaliar a atenção, que a pessoa tem que ter, ao dizer a cor que está colorida a palavra e não a leitura da mesma. Como o processo de leitura é mais rápido que a identificação de cores, existe a tendência para dizer a palavra escrita, e não a cor. 

https://vimeo.com/53623710

                                                           Celino Barata





sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Pausa para acordar || Já despertaste hoje?




Pausa para acordar || Já despertaste  hoje?

Acordas bem disposto?! Tens uma noite tranquila?? Dormiste um sono profundo??? Muito bem, já deves estar a seguir as Pausas anteriores da respiração diafragmática e de como dormir bem. É meio caminho para um acordar bem disposto e energético.

Acordar e ir logo para os “gadgets” para saber o que está a acontecer no mundo, ou no do vizinho do lado, não é das melhores formas de dizer bom dia a ti mesmo. Não queiras começar o dia a saber tanto quanto o jornal mais sensacionalista e mais vendido em Portugal. É dos maiores erros, porque limitamos o pensamento fresco da manhã ao que vamos encontrar na primeira pesquisa, ver uma felicidade falsa nas redes sociais ou dar logo de caras com as notícias do mundo, como diria o outro jornalista “o drama, a tragédia, o horror, vamos ver”. Esta atitude leva-te a descurar o teu precioso pensamento próprio que é só teu, a cada manhã.

Para muitos, acordar sem cafeína é impensável, se dormes assim tão bem porque te agarras logo a uma chávena de café pela manhã!? E pões açúcar!? Do açúcar falarei, depois, numa próxima Pausa!

Um breve exercício, como caminhada ou corrida de dez minutos dá-te mais endorfinas de bom humor, que um café e demora o mesmo tempo. Sais de casa mais cedo e vais apanhar o ar fresco e a luz do sol. Estes reduzem o stress e a sensação de fadiga, pode ser ao som da tua lista de músicas favoritas.

Muito antes de perceberes se dormiste bem ou não, espreguiça-te logo, não percas tempo, e espreguiça-te quantas vezes te apetecer. Espreguiça-te mesmo ao longo do dia!

O espreguiçar é para mandriões! Pois bem, nem todo o conhecimento comum é verdadeiro, parece mal à frente do teu chefe ou a qualquer desconhecido, mas a verdade é que sabe bem espreguiçar, porque é a melhor forma de alongar e aquecer as articulações logo pela manhã. É tão importante, quanto aquecer antes de praticar exercício, previne lesões, desperta todo o organismo para o que vai acontecer no teu dia.

E o pequeno-almoço é em casa, tranquilamente, ou sais de casa a correr e comes só quando sentes fome por te baixar a glicemia no sangue e comes o que te aparece no café ou bar a caminho do trabalho!?

O pequeno-almoço é a refeição mais importante do dia pois deve fornecer boa energia para te ajudar a despertar o que melhor há em ti, é fundamental saborear alimentos que te façam sentir saciado como derivados de laticínios, tais como iogurte, requeijão e queijo, incluir hidratos de carbono de assimilação lenta como cereais integrais, como aveia, e frutas, maçã a laranja ou a banana. Um dia que vás fazer um trabalho extra podes incluir uma proteína rica e saudável que vem do ovo, e que bem que sabe, feito ao teu gosto.   

Agora já estás desperto!?

Acordar é diferente de despertar, não é só abrir os olhos mas sim prestar atenção ao que importa, como uma idosa, de nome fictício “Zeferina”, à qual a demência tirou a fala e a sua inquietude e o discernimento para onde quer ir, mas serena e desperta atentamente à aplicação em Tablet de uma ovelha que lança bolas de lã ao ar e, ao tocar nelas, crescem borregos e fogem a fazerem o som característico “mééémééé”. Desperta com esta aplicação porque é do seu agrado, porque um dia em tenra idade foi pastora de rebanhos.

E tu o que te faz despertar!?

O que te faz abrir os olhos com alegria por ires fazer algo que gostas genuinamente??

Não há desculpas por teres de ir trabalhar. Ainda bem que tens trabalho! Melhor seria se fizeres o que gostas!

Presenteia-te diariamente, todas as manhãs, com algo teu, algo que constróis para ti e para os teus com alegria de quem se está a recriar. Inicialmente, não tem que criar aquela sensação de “Huuhahauu” espanto de uma criança que vê um truque de magia acontecer e não percebeu bem como foi feito mas a magia aconteceu mesmo.  O que importa é sentir que estás disposto a viver algo novo em ti.  

Pode simplesmente ser uma pintura, escrever, cantar, dançar, caminhar, correr seja o que for, mas algo que desperte a criatividade que há em ti. O que importa é canalizares a tua energia matinal para um despertar mais alegre e animado.

E, decerto, aconteça o que acontecer, o teu dia será encarado de uma forma mais positiva. 


Bom dia com um bom despertar.


Celino Batata

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Pausa para Dormir || Dorme bem




Pausa para dormir ||

Dormes bem?

A maioria das respostas é sim!!! Acho que sim!! Há noites que durmo 5 ou 6 horas, outras 7 ou 8 horas.

O conhecimento ancestral já dizia que o dormir bem é meio sustento.

Uma boa qualidade de sono é o que permite garantir a sobrevivência da espécie e a homeostasia do organismo em perfeito equilíbrio saudável. 

O dormir bem está muito mais para além da quantidade de horas que dormimos, mas sim a qualidade das mesmas. O estilo de vida que temos influência o ciclo circadiano do sono.

São milhares as pessoas que não conseguem atingir uma boa qualidade de sono. Inconscientemente, fazem o oposto para que isto aconteça.

A maioria das perturbações do sono é evitável ou tratável, mas menos de um terço procura ajuda profissional. As estatísticas apontam para cerca de 45% da população mundial têm perturbações de sono, para não falar da medicação ou automedicação na hora de deitar e ansiolíticos, mesmo os mais fraquinhos, ditos, naturais, e mesmo químicos da classe das benzodiazepinas. Colegas minhas tomavam antes de apresentações de trabalhos, "é só para acalmar" depois passavam a tarde a dormir, em seguida uma súbita espertina noturna. Há autores que referem a problemática como epidémica, pondo em risco a saúde e a sua qualidade de vida.

A falta de um sono de qualidade reduz a concentração, diminui a produtividade académica e profissional e é uma das principais causas de acidentes rodoviários. Pode levar também ao desenvolvimento de problemas de saúde, como a hipertensão, doença cardíaca, diabetes, e doenças do foro mental.

Dormir para quê!? O cérebro precisa tanto de dormir como a web precisa de rede e os adolescentes de wi-fi. Dormir exercita a parte do cérebro que não utilizamos, ou seja o lado mais criativo, o cérebro precisa de tempo para se reorganizar a cada dia com as suas novas aprendizagens. É ao dormir que o cérebro processa a informação organiza e armazena na memória, o sono codifica as memórias para as utilizar futuramente.

Falamos da higiene pessoal, da dentária, mas esquecemo-nos da higiene de sono. Criar a atmosfera perfeita para dormir, tal como damos um toque diferente ao guardanapo, vela na mesa para um jantar romântico ao som daquela música, preparar o ambiente para dormir deve ser encarado com a mesma seriedade e descontracção.

Como promover uma higiene adequada do sono, conjunto de bons hábitos que qualquer pessoa deve adotar para melhorar a qualidade do seu sono:

▪ Deitar e levantar sempre à mesma hora todas as noites.

▪ Apanhar a luz natural do sol da manhã ajuda a regular o neurotransmissor “melatonina” que é produzida pela glândula pineal* que converte a seretonina assim que anoitece em meletonina, responsáveis por relaxar o organismo. Este processo é essencial na hora de dormir.

▪ Deixar o tabaco, evitar o álcool e bebidas com cafeína (café, chá preto, entre outros) a partir do meio da tarde.

▪ Praticar exercício físico regular, preferindo os períodos da manhã ou almoço, evitando a sua prática pelo menos 4 horas antes da hora de dormir, caminhar até ao emprego é uma ótima opção. O exercício promove um ciclo de sono mais profundo.

▪ Criar no quarto boas condições para o repouso: temperatura adequada, pouca luz e sem ruído, almofada a gosto, usar a cor preferida.

▪ Evitar ler "sendo esta opcional", ver televisão, uso de “gadget” ou alimentar-se na cama.

▪ Fazer refeições ligeiras à noite e não se alimentar próximo da hora de dormir.

▪ Evitar sestas em caso de dificuldade em adormecer.

▪ Não levar as preocupações diárias para a casa, tentar libertar-se, promova diálogos interessantes em família.

▪ Na hora de deitar na cama e encostar a cabeça à almofada, importa concentrarmos-nos num pensamento positivo e harmonioso. "Abraçar e promover o contacto amoroso com o parceiro de qualidade produz alem de outros neurotransmissores a oxitocina responsável pela tranquilidade, boa disposição empática e aproximação"

▪ Fundamental respirar diafragmaticamente e incluir os exercícios de relaxamento descritos anteriormente na Pausa para Respirar. 

*Saber mais sobre a glândula pineal, não porque te vão ligar do programa “Quem quer ser milionário”, mas esta produz a melatonina sempre que recebe luz solar, este neurotransmissor, regula o desejo, a menstruação, o envelhecimento, porque ajuda a diminuir o stress oxidativo, aumenta a função imunitária e principalmente regula o sono. Ah,  é a melatonina que ajuda os ursos a hibernar.        


Dorme bem!

Celino Barata
Ciclo Circadiano

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Pausa para Respirar || Respira fundo



Pausa para respirar || Respira fundo

Respira profundamente agora!

Experimenta e vamos ver como respiras!

Põe a mão esquerda no peito e a mão direita na barriga. Agora inspira pelo nariz! Que mão mexe mais!?

Se é a mão esquerda que está no peito, lamento dizer mas não estás a tirar partido total da respiração.
Como respirar é um movimento mecânico que fazemos desde que nascemos, respiramos bem quando nascemos mas, a uma dada altura, inconscientemente, devido “à pressão social, stress” passamos a respirar de forma superficial.

Preocupa-me porque respirar bem é a nossa economia vital, para além da qualidade do oxigénio inalado, a maioria das pessoas não respira corretamente, o que leva a uma fraca oxigenação celular e neuronal, logo todo o organismo vai sentir essa carência que leva a desencadear sintomas físicos e mentais, tais como hipertensão, fadiga, tensão muscular, ansiedade, depressão. A respiração diafragmática ou profunda pode prevenir, também, ataques de pânico.

Os atores, músicos, desportistas entre outras profissões, beneficiam com a respiração diafragmática, por esta ajudar naturalmente a manter o foco mental no objetivo e a recuperar do esforço em cada desafio.

Respirar bem é fundamental, encher totalmente o pulmão de ar e esvaziar o pulmão como se fosse uma esponja para limpar todos os resíduos, dióxido de carbono e outros. Para tal, a proposta é melhorar a respiração para um cérebro mais oxigenado, logo mais ativo e saudável.

Só com a ajuda do diafragma conseguimos fazê-la corretamente, para além de massajar os nossos orgãos internos como o coração, intestinos e bexiga, ficamos naturalmente mais relaxados e a região abdominal, o famoso e desejado “six  pack”, fica naturalmente fortificada. 

Ao aprender a respiração diafragmática esta torna-se mecânica e, inconscientemente, passamos a ser mais saudáveis. É natural sentir uma tontura inicial, pois o cérebro não está habituado a esta nova quantidade de oxigénio.

Vamos praticar a Respiração Diafragmática.

Põe a mão na barriga ao nível do umbigo e inspira pelo nariz, lentamente, como se estivesses a inalar um aroma muito agradável e sente a mão a mexer. Quando encheres totalmente o pulmão de ar, conta, mentalmente, até cinco.

Expira pela boca, também lentamente, como se estivesses a soprar uma vela sem a apagar, o diafragma vai empurrar o ar todo do pulmão e a barriga deve encolher toda. Mentalmente, conta até sete.

Inspira de novo, pelo nariz, enche o pulmão e a barriga e conta mentalmente até sete.

Expira pela boca até expirar o ar todo do pulmão e conta mentalmente até dez.

Repete dez ou vinte vezes até aprenderes a técnica.
Quando dominares a respiração diafragmática, se quiseres relaxar mais profundamente, inclui à respiração os seguintes movimentos:

Após cada inalação com o pulmão cheio de ar, contrai um membro, por exemplo: membro superior direito e conta até três mentalmente.

Expira o ar todo pela boca ao mesmo tempo que relaxas o membro.

Começa pelos membros superiores, os inferiores, abdómen e face, um de cada vez.

Esta sessão de respiração em conjunto com os membros, tronco e face é indicada para quem pretende descansar profundamente.

É importante que treines a respiração pelo menos uma vez por dia, até que o organismo a apreenda e fique automática.

Boa respiração.


Celino Barata